sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O ?im do mundo

Hoje acordei e o cheiro a fumo que me invadia a casa, desencadeou uma série de reacções químicas no interior do globo que comanda. Estagnei sentado, por breves segundos, na beira da minha cama. Levantei-me e, perante todos os presságios e teorias esculpidas a partir do mesmo bloco fundamentalista que já matou,  tomei com regozijo o meu último pequeno-almoço. “Goza-o bem!” Diziam os abutres que trespassam paredes. “Vão-se foder!” Disse eu. E quase me engasgava no meu próprio desdém.
Enchi a taça de água, para facilitar a lavagem. Sim, porque mais tarde, talvez até amanhã, vou lavá-la. Sim, porque o amanhã não tarda, e traz com ele a arca recheada do que já chega tarde, mas não é tarde. “Vamos lá então ver de que é feito o apocalipse” – e com esta ideia às cavalitas, dirigi-me à varanda, onde os homens das obras queimavam folhas de jornal. Queimavam as folhas da seringa que injecta o elixir das almas penadas, nas almas depenadas. “Foda-se, estou atrasado!”   

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